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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Valor é defendido pelo Dieese como a renda necessária para sustentar uma família formada por quatro pessoas


Quase metade do rendimento de quem ganha um salário mínimo no Brasil é destinada para comprar itens essenciais da mesa de todo trabalhador. Segundo estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e estudos Socioeconômicos (Dieese), em dezembro do ano passado, na média nacional, quem ganhou o salário mínimo gastou 40,98% desse valor em itens como feijão, arroz, carne, leite, açúcar e manteiga, por exemplo.

Pelos cálculos feitos pelo departamento, com base na cesta mais cara, que, em dezembro, foi a de Porto Alegre, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.856,23, mais de quatro vezes o mínimo de R$ 880,00, referente ao período analisado. Este mês, o mínimo passa a valer R$ 937.

Segundo a supervisora técnica do Dieese em Pernambuco, Jackeline Natal, o valor do salário mínimo do Brasil, mesmo considerando o aumento recente, não consegue atender a determinação constitucional desde sua implantação, em 1940.

“A constituição estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir, além da alimentação, despesas com moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, tanto do trabalhador quanto de sua família”, explica Jackeline Natal, que argumenta que é necessário estabelecer uma política de correção salarial que atenda o princípio constitucional.

No entanto, para o professor de cenários econômicos da Faculdade dos Guararapes, Tiago Monteiro, por mais que seja necessário aumentar o salário base do trabalhador brasileiro, nunca seria possível em lugar nenhum do mundo atingir esse patamar mínimo salarial proposto pelo Dieese.

“Mesmo que tenhamos consciência de que o mínimo aplicado no Brasil seja suficiente apenas para sobreviver e não viver confortavelmente, uma vez que mais da metade dele é consumido apenas com a alimentação básica, economicamente o Brasil não suportaria essa base salarial”, analisa Monteiro. Segundo ele, o aumento nessa faixa salarial poderia refletir na inflação, o que no fim das contas tornaria sem efeito a alta do salário base.

“Com essa base salarial, o poder de compra iria aumentar substancialmente e a gente não tem capacidade de produção e oferta para comportar essa demanda, o que poderia gerar uma inflação absurda e o valor do mínimo iria ser maior do que hoje, devido à inflação”, argumenta.




Por: Folha de Pernambuco

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